sábado, 1 de outubro de 2011

que Queres de Mim

Quero roer, rasgar, desfazer tudo o que te é impuro. Amar-te em noites de verdade e vergonha. Ser o antídoto salvador para o que te obriga ser a gente que te insere no mundo-bicho da civilização. Ficar no canto mais escuro na festa que dás quando não te sentes observado. Entrar, ficar visível, prometer-te que não sou como tu. E depois?

- Continua. Dança comigo.

Não estás sozinho. Mas estás. Somos dois. Mas seremos sempre só o que permitimos que os outros nos vejam ser. Somos muitos. Continuamos a ser nós, mas muito poucas vezes. Estamos velhos, damos festas privadas cada vez com mais espaço e tempo entre elas. É preciso fugirmos para nós, sermos crianças selvagens sem medos ou linguagem que nos condenem. Aprendermos o que foi. Sermos o que é. E depois?

- Continua.
- Depois, havemos de morrer com qualquer coisa que nos caia em cima. Temos de dançar, enquanto há corpo e alma, mesmo no canto mais escuro da sala.
- Continua.

 
- (dança com os dedos indicadores apontados para o céu) Palminhas a nós.