A diferença está na possibilidade que eu considerava de ter coisas a dizer para serem ouvidas. Numa sabedoria-collage do que lia ou ouvia no ateliê auto-marginalizado do meu cérebro que, entretanto, se perdeu na ambição mundana de não se saber o que se ambiciona, mas ambicionar ambicionar. Ser alguém sem ser alguém. Não saber o que isso é.
Uma pessoa não é um nome, como quem sabe o que diz diz tão bem. Uma pessoa não é nada de especial em concreto nem em não-concreto. Fora a magia que é ser mais um animal. Respirar por dois sítios, Um pé à frente e um pé atrás, As mãos sabe deus onde. E nunca o mesmo, eu.
A diferença estava na possibilidade de me afirmar nalgum lugar, fictício ou real. E ainda havia a ignorância, que não me deixava ver que eu não sabia o que dizia, fora das vezes em que o sabia tão bem. Que eu não era eu, nem para mim. Que a segurança é aparência, não existe, é uma máquina de fazer pesadelos na vida. A diferença não é nenhuma. É o mundo que grita e transforma. Não sei se o ame ou o mate.