Escrever para mortos é, muitas vezes, um exercício anestésico e terapêutico. Dá força ao que nos fraqueja e relembra a natureza do que calcamos. Dá luz à temática dos outros e não à nossa, o que sempre distrai e alivia. E até oferece respostas sonhadas e futuros inóspitos, porque também os que foram odiaram e mentiram e seriam mortos mais cedo ou mais tarde, dentro de nós. Pelo que dizem, a questão nunca é nossa, é do tempo. As respostas, também.
Quem acredita em vidas passadas, tem que as ver muito mal passadas, para nos assombrarem pelas viagens fora. Eu vejo-as. Mas chego à conclusão que assim sangrentas e elásticas é que sabem melhor, que o pior vem depois. Do depois. Depois de morrer levo-te comigo e depois de te enterrar, já me esqueci de quem sou.
Quem acredita em vidas passadas, tem que as ver muito mal passadas, para nos assombrarem pelas viagens fora. Eu vejo-as. Mas chego à conclusão que assim sangrentas e elásticas é que sabem melhor, que o pior vem depois. Do depois. Depois de morrer levo-te comigo e depois de te enterrar, já me esqueci de quem sou.
Escrever para quem já cá não está ilude quem não é livre e liberta os papões para outros sonhos. Dá-nos a compensação de não nos lembrarmos que nos esquecemos do caminho, de quais os sapatos, gavetas ou calos. Cometi o estúpido erro de dar mais valor aos meus vivos e pago por isso, convivo com a ansiedade de me saber corpo aparte destas unhas ou cabelos, desta casa. Pior: não me reconheço como a que era, porquê?. Noto, apago o que fui ou que senti por quem, quando?. Perco a força, como?. Faço velórios e enterros a toda a hora e nem por isso me recordo para onde ir. O Quê?
Não faz sentido.
Sem comentários:
Enviar um comentário