Dou os bons dias, sorrio talvez demais, esforço-me até que pareça falsa aos meus olhos, desconfiados - sem, contudo, o ser. Não me aprovo nem só um bocadinho. Procuro um sinal de que sou boa gente e não sei como me explicar que são as cores dos meus medos que não me permitem ser mais. Eu sou, eu calo, eu penso. Não há lugares marcados, mas também não há lugares. As cores, os medos, eu sem boca que me faça entender.
Apareço dia sim, dia não, a relembrar-me do quanto preciso, urgentemente, de mudar. Do sentido que perdi, dos significados sábios de antes (que tolos) e das frases sem semântica ou pulsação correcta. As cores, o medo de perder a inocência que é ser original.
É preciso ter fé e fé é o que custa mais ter. No deus que há em nós,no pedaço bom que merecemos no mundo, na audácia que é parar de nos vermos fracos e sem sombra para descansar. E quando a coisa corre mal, fé no santo mais próximo e com as costas mais largas. Mandar as culpas para o ar como quem não se levanta para não cair. Sorrir muito e dar cor aos medos, implorar nos olhos para que gostem de nós.
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