Agora é que vai ser. Um a um, todos a sair pela porta fora, com um beijo e uma promessa de me guardarem bonita dentro de vós. Mas vocês, todos lá para fora, que o corpo é meu e é tempo de ser meu, enquanto é corpo que se sinta. Podem esmurrar-me, tentar fazer-me ver que sem vós eu não sou nada, mas alguma coisa eu hei-de ser. Mesmo que não goste. Mesmo que ninguém goste. Mesmo que vos dê um gostinho maldoso de Nós ficamos a ver-te ir, não somos nós que vamos. Mesmo que eu me encontre já morta, cadáver desde nado vivo.
Confesso, o amor que vos tenho anulou-me. É triste para o meu ego, mas é mais triste para tudo o resto que eu queria ser. Já nem as pernas de bailarina, já nem o irmão gémeo perdido, já nem as palavras e a aptidão e a falsa modéstia tenho como minhas. Agora não sei o que vai ser de mim.
Vá, um a um a ir, sem bilhetes de despedida ou momentos para dentro do que dói. Desta vez, eu escolho ficar só e ser só uma. Ver com os meus olhos, descobrir os meus olhos, ver tudo o que está para além do reflexo. A vós, a luz. A mim, a chama. E todos, curados, no seu hospital particular, a lembrarmo-nos que já fomos muitos, já fomos muito uns para os outros. Mas para nós não fomos grande coisa. Nós somos luz. Eu sou luz. Podem apagar os candelabros.
Há um ano que não comentava um post teu. Voltei para dizer que ficarás sempre comigo, mesmo que depois de dizeres adeus a tanta gente e que com isso uma parte de ti parta também. Mas no fundo, tu és o que fazes, dizes, sentes, pensas. Os outros só serviram-te para ensinar algo e tu sabes escolher o que aprender.
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