Tu chegas, sentas-me ao pé de mim, olhas-me pelo canto mais bonito da tua infalível máquina de raios x. Finjo que não vejo, não vejo mesmo. Estou adormecida, perdoa-me. Tu até chegas o teu mindinho ao meu como quem diz Cheguei, estou ao pé de ti enfim, enfim sós. Eu nada vejo, cega da pior espécie. Adormeci tanto, formatei tanto a minha forma. Sou disforme e tu, perfeito. Tu chegas e partes, eu fico. Eu saio do que quero ser para sempre.
Tu danças e devolves-me parte de mim à parte minha que ficou. Sou confusa, nervosa, não sei voar. Adormeci, perdoa-me. Sinto raiva- do mundo, de ti, da minha porca memória, das lembranças que doem porque perfeitas e hoje, restos.
Tu tens mãos que me apertam, quando eu ameaço perder o balanço. Tu tens olhos acordados, que me dizem Olá, Amo-te, enfim sós. Eu continuo adormecida, saio para sempre do que me prometes. Escrevo para ti, por saber breve o nosso encontro, por reconhecer que até dele me posso esquecer, dada a memória de peixe e a tendência para a confusão, o nervosismo, a falta de lucidez. Tu ainda me abraças e entregas-te todo e meio, para ficares para sempre entranhado no meu pedaço vivo. E sorris e eu caio e saio, antes que tarde ou cedo demais.
Sem nome.

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